30 outubro 2010

ESTRANGEIRO DE MIM




O pensar midiático dos dias atuais

Transformou-me em um ser errante

Um exilado em minha própria casa

Sentenciado a entender os outros

E de ninguém ser entendido.

A frivolidade leva meus pensamentos

A lugares comuns, onde me detenho.

Tento me massificar com o “isto” e “aquilo”

Provocadores de efêmeros gozos

E no tumulto sem sentido do cotidiano

Me transporto a um deserto.

Em meio ao silêncio sepulcral ouço o inominável

Debatendo-se em meu ser

E esse outro que tanto me incomoda

É apenas o estrangeiro de mim mesmo.


Guarabira, 30 de outubro de 2010

5 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

Levi, nesse contexto do teu belo e significativo poema, o deserto é o melhor lugar para onde se ir.

abraços

Marcio Alves disse...

LEVI

Na presente era em que vivemos, onde somos levados a pensar em produtividade, não queremos “perder” tempo refletindo sobre a vida e, principalmente, sobre nós mesmos.

No meio de tanta produtividade, acabamos por perder nós mesmos de nós.

Engraçado é que como as pessoas gastam dinheiro em tratamentos psicológicos, sendo que na maioria dos casos, o que ela apenas precisava é de alguém para conversar.

Sem duvida, um dos grandes males dessa mentalidade de que para aproveitar o tempo é preciso sempre estar produzindo alguma coisa, é aquela frase que virou chavão e escravizadora de um sistema que diz “tempo é dinheiro”, que pena mesmo, pois tempo é muito mais do que isso....tempo é vida!!

Abraços

Guiomar Barba disse...

Concordo Edu, o silêncio do deserto permite-nos confrontar a nossa própria alma.

Abraço para vocês: Levi e Edu.

Levi B. Santos disse...

É isso aí Eduardo!

A melodia tocada pelas cordas do coração é tão suave e baixinha, que só no deserto é possível escutá-la.

Abçs,

Levi B. Santos

Levi B. Santos disse...

MARCIO

O segundo trecho do teu lúcido comentário resume bem o que postei:

"No meio de tanta produtividade (improdutiva), acabamos por nos perder de nós mesmos."

Continuando:

Só vamos encontrar esse "estrangeiro" que está dentro de nós, se formos levados pelo "espírito" ao deserto.

É nesse deserto que dizemos para o maligno da sociedade de consumo:

"Nem só de bens viverá o homem..."


Abçs desérticos

Levi B. Santos