02 março 2015

“Banco Sem Dinheiro”



Há mais ou menos três meses, na agência do Banco do Brasil de Guarabira (9ª cidade da Paraíba - em população e PIB), onde resido, uma prática está se tornando comum: a de deixar sem dinheiro os seus terminais eletrônicos destinados a saque nos finais de semana, principalmente quando os feriados caem numa sexta ou numa segunda feira.

No último final de semana, cheguei à agência e dei de cara com a frase, “Banco Sem Dinheiro”, estampada em sua grande porta de vidro tipo blindex. Encontrei muitos revoltados reclamando da falta de consideração do Banco para com o cliente. Mas, notei algo terrivelmente doloroso: usuários dessa mega-instituição financeira, falavam que o emblemático AVISO refletia a mais pura e cristalina verdade. Diziam eles: “A verdade é que se a metade da clientela resolver retirar o que tem em aplicações, o Banco do Brasil não vai ter como pagar”.

Esse fato, por si só, demonstra o quanto a tensão e o medo têm chegado aos mais distantes rincões do nosso país. Creio que o apelativo aviso — sem dinheiro” deste final de semana  colado em lugar bem visível na agência não se deve a incompetência de sua direção local, mas, sim, fruto de uma ordem de contenção vinda lá de cima, para fazer face à gastança desenfreada realizada em nome da tão cantada e decantada governabilidade.

Eis a avassaladora manchete que está correndo nas redes sociais e nos principais jornais do país: “Brasileiros Retiram Dinheiro da Poupança, e o Sistema Bancário Começa a Ruir”.

Para se ter a ideia do nível de descontrole na gestão da coisa pública, a Caderneta de Poupança que vinha, há muitos anos, pelo menos, sendo renumerada de acordo com a inflação mensal, chegou aos meses de Janeiro e fevereiro desse ano a ser indiretamente confiscada nos seus rendimentos em quase 60%. A inflação de janeiro foi de 1,24%, a de fevereiro bateu nos 1,33%. Enquanto isso, a Poupança foi corrigida em apenas 0,5%/mensal. Se isso não for confisco, o que é então confisco?

A situação é tão nefasta que a maior fuga de recursos das instituições bancárias nos últimos 20 anos aconteceu exatamente nos dois primeiros meses de 2015 [vide link]. Que fique claro: o dinheiro retirado pela população está sendo usado para recuperar o seu poder de compra que vem sendo paulatinamente corroído a olhos vistos.

O negócio vem se agravando cada vez mais, e o horizonte é realmente sombrio. Quando a maior autoridade da república vem a público dizer que vai lançar um programa que facilita o fechamento das empresas via on-line em questão de minutos (Vide link), tem-se aí uma amostra indiscutível de que o país está iniciando uma grave recessão. O bloqueio nas estradas do país realizado por caminhoneiros que fazem o escoamento da produção de alimentos e têxteis, que já dura mais de uma semana, vem causando prejuízos de mais de um bilhão de dólares, com as lideranças políticas desarticuladas a bater cabeça sem que consigam solucionar o grave descompasso [Vide link].

A Agência de classificação de risco, Mood’s, já deu o sinal vermelho para os investidores externos debandarem do país. Como sem investimentos não há dinheiro na praça, a frase “Banco Sem dinheiro” colada na porta do Banco do Brasil de minha cidade, talvez esteja sinalizando para nós, contribuintes/correntistas, uma verdade inconveniente que o governo, em vão, tenta obscurecer.


Por Levi B. Santos

Guarabira, 02 de março de 2015

Imagem do topo: Foto do Interior da agência do B.B. de Guarabira - Pb

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